Tudo remonta a quando eu tinha 14 anos. Desde sempre
fui amigo do André Louzeiro e estávamos sempre juntos. Nessa altura por uma ou
duas vezes já tinha visto a equipa da CHE (seniores) em acção mas nada de
especial, não era seguidor habitual nem conhecia o trabalho por lá feito.
Quando a equipa de juniores foi criada e a Ângela Louzeiro nomeada para sua
treinadora, o André arrastou-me para um dos treinos para podermos dar uns
“toques” na bola junto ao polidesportivo onde se treinava na altura. Como
estávamos ali ao pé, quando eram preciso mais jogadores para o treino, a Ângela
chamava-nos e nós participávamos no treino. Agora não me lembro da situação
exacta que me levou a treinar as GR nas juniores e aí iniciar a minha “carreira”
na CHE, mas olhando para trás deve ter vindo da necessidade da Ângela em ter alguém
para ajudar a treinar as GR e ela própria ter-me dito. Há sempre muito mais
histórias para contar, mas penso ter respondido à questão. No fundo tive cunhas
dos vizinhos…
2- Começaste na equipa de juniores, e há algumas épocas
passaste para a equipa sénior. Como foi essa transição e quais as diferenças
que notaste?
A transição aconteceu devido a dois factores, que me
lembre. Primeiro pelo meu caminho feito na área da Fisioterapia. Ao tirar o
curso de fisioterapia foi-me proposto adquirir um cargo nessa área nas
seniores. Outro factor e talvez o mais importante, foi devido às próprias
juniores e GR que treinava nas juniores, terem passado a fazer parte da equipa
de seniores. E como nas seniores não haviam treinadores de GR, continuei o
trabalho feito nas juniores. Embora nessa altura tenha continuado a “trabalhar”
com juniores e seniores, devido a exigências do curso de fisioterapia, na altura
tive que abdicar das juniores devido a uma questão de tempo. Depois, ao
contrário das juniores que a treinadora é do tipo Alex Ferguson, nas seniores
foram passando vários treinadores, e por essas passagens a minha função foi-se alterando um
pouco, até que passei apenas a ser fisioterapeuta da equipa sénior. Com a
chegada do actual treinador é que passei a ajudar mais a um nível equiparado
com treinador adjunto. Em termos de diferenças o que notei foi uma maior
desorganização. Quando comecei a trabalhar com as seniores não havia a
organização de treinos que estava habituado nas juniores (que actualmente já
existe). Apontar mais diferenças é complicado, pois o futsal mudou tanto ao
longo dos anos que a nível técnico/táctico é difícil apontar diferenças. Aliás, na
altura não havia tanta diferença, até que haviam muitas juniores que no sábado
jogavam por uma equipa e no Domingo por outra.
3- Além de treinador, és também fisioterapeuta. Qual a
importância de ter um fisioterapeuta ao serviço da equipa?
Penso que é de extrema utilidade para a equipa.
Primeiro pelo trabalho que pode ser feito na detecção de lesões e ajudar na sua
reabilitação. Depois pela ajuda que pode dar ao treinador através de treino
(prevenção de lesões) ou corrigir aspectos de treino que possam estar
inerentes/implicadas em lesões recentes de jogadoras. E por fim, pela educação
de saúde desportiva que pode transmitir. E claro para não falar no
acompanhamento dos jogos onde pode ser fundamental para ajudar um atleta a
regressar ao jogo após “lesão” recente ou para iniciar o encaminhamento
correcto da atleta. Para mim não faz sentido não ter fisioterapeuta presente
numa equipa. O problema é os clubes não perceberem isso e/ou não terem dinheiro
para “contratar” um.
4- É fácil conciliar as funções de treinador com as de
fisioterapeuta?
Normalmente sim, embora haja sempre algumas situações
onde uma das funções pode ficar um pouco em défice de atenção. Mas no fundo as
duas funções a nível amador são um pouco sobreponíveis.
5- Ambicionas no futuro ser treinador principal de uma
equipa, ou isso não faz parte dos teus planos?
Nunca foi um sonho ou ambição. Não por pensar que
tenho falta de conhecimento ou algo similar, mas apenas nunca me passou pela
cabeça. Mas claro se aparecer um projecto onde eu me identifique e essa função
me seja endereçada, e se a minha vida pessoal me permitir, de certeza que
consideraria pensar no assunto. No entanto eu gosto muito de ser o número dois,
de trabalhar em equipa. Algo que acontece actualmente, e quando é com uma pessoa
que te dás bem, ainda melhor.
6- Quais são para ti os maiores problemas existentes no
futsal feminino no Algarve?
Brincando mas falando sério é por haver poucos Sr.
Henrique no futsal algarvio. Começando na Associação que a cada ano que passa
mais degradante torna a situação a nível de competição. Ou é com o elevado
custo das inscrições ou é pela falta de árbitros nos jogos (situação provocada
pela Associação), ou mesmo por nada fazer para promover de verdade o futsal. Em
vez disso organizam jogos de derivados de futebol feminino, onde nem sequer há
equipas no Algarve, para tentar aliciar jogadoras e clubes a fazerem. Tudo em
nome de mais receitas. Vergonhoso para dizer a verdade. Passando para o lado
dos participantes, considero que haja falta de pessoas/dirigentes responsáveis
por projectos longos e coerentes. Digo isto porque ao longo do tempo lembro-me
de inúmeras equipas que apenas duraram 1 ou 2 anos. Para se construir uma casa
precisamos de começar por baixo e o mesmo acontece num clube, 1º o dirigente,
depois o treinador, e só depois as jogadoras. Quando dizem que é dificil
arranjar jogadoras e tal, eu penso, treta. Antigamente era muito mais dificil e
o campeonato algarvio era constituído por 2 grupos: sotavento e barlavento.
Temos que formar jogadoras, porque raparigas para jogar há.
7- Com a maior exposição que o futsal feminino tem, com a
criação do campeonato nacional, pensas que o futuro será risonho para a
modalidade?
Para a modalidade sim, para a modalidade no Algarve
nem por isso ou por forma indirecta. Para a modalidade porque ao juntar as
melhores equipas do país podemos ver melhores jogos, mais competição e as
próprias equipas podem evoluir muito mais. Para o Algarve, estando o único
clube algarvio em vias de descer e sendo muito dificil algum clube voltar a
subir (pois o sistema é diferente do que foi aquando a subida da 1ª equipa),
não vejo que se altere grande coisa. Agora quando disse de forma indirecta é
devido à possivel mediatização do futsal feminino, mas que até agora não tem sido
muita.
8- Como avalias a performance da
equipa senior até agora neste campeonato?
Positiva, embora o nosso objectivo fosse o 1º lugar na
fase regular, acabámos em 2º e em boa posição para disputarmos os play-off’s e
aí então, podemos procurar o lugar que não conseguimos na fase regular.
9- Vão agora começar os
decisivos play-offs, que expectativas tens para a equipa?
Ganhar. Temos toda a capacidade necessária para ganhar
os playoffs, mas claro sabendo que este tipo de jogos são sempre um mata-mata,
a equipa tem que estar desperta e concentrada em todos os jogos.
10- Que mensagem gostarias de
deixar à equipa?
Temos capacidade, queremos, sabemos. Só nos resta mostrar isso aos
outros.
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