28 janeiro 2014

Entrevista João Santos


1- Já estás ligado à CHE há vários anos. Como surgiu essa ligação?
Tudo remonta a quando eu tinha 14 anos. Desde sempre fui amigo do André Louzeiro e estávamos sempre juntos. Nessa altura por uma ou duas vezes já tinha visto a equipa da CHE (seniores) em acção mas nada de especial, não era seguidor habitual nem conhecia o trabalho por lá feito. Quando a equipa de juniores foi criada e a Ângela Louzeiro nomeada para sua treinadora, o André arrastou-me para um dos treinos para podermos dar uns “toques” na bola junto ao polidesportivo onde se treinava na altura. Como estávamos ali ao pé, quando eram preciso mais jogadores para o treino, a Ângela chamava-nos e nós participávamos no treino. Agora não me lembro da situação exacta que me levou a treinar as GR nas juniores e aí iniciar a minha “carreira” na CHE, mas olhando para trás deve ter vindo da necessidade da Ângela em ter alguém para ajudar a treinar as GR e ela própria ter-me dito. Há sempre muito mais histórias para contar, mas penso ter respondido à questão. No fundo tive cunhas dos vizinhos…
 
2- Começaste na equipa de juniores, e há algumas épocas passaste para a equipa sénior. Como foi essa transição e quais as diferenças que notaste?
A transição aconteceu devido a dois factores, que me lembre. Primeiro pelo meu caminho feito na área da Fisioterapia. Ao tirar o curso de fisioterapia foi-me proposto adquirir um cargo nessa área nas seniores. Outro factor e talvez o mais importante, foi devido às próprias juniores e GR que treinava nas juniores, terem passado a fazer parte da equipa de seniores. E como nas seniores não haviam treinadores de GR, continuei o trabalho feito nas juniores. Embora nessa altura tenha continuado a “trabalhar” com juniores e seniores, devido a exigências do curso de fisioterapia, na altura tive que abdicar das juniores devido a uma questão de tempo. Depois, ao contrário das juniores que a treinadora é do tipo Alex Ferguson, nas seniores foram passando vários treinadores, e por essas passagens a minha função foi-se alterando um pouco, até que passei apenas a ser fisioterapeuta da equipa sénior. Com a chegada do actual treinador é que passei a ajudar mais a um nível equiparado com treinador adjunto. Em termos de diferenças o que notei foi uma maior desorganização. Quando comecei a trabalhar com as seniores não havia a organização de treinos que estava habituado nas juniores (que actualmente já existe). Apontar mais diferenças é complicado, pois o futsal mudou tanto ao longo dos anos que a nível técnico/táctico é difícil apontar diferenças. Aliás, na altura não havia tanta diferença, até que haviam muitas juniores que no sábado jogavam por uma equipa e no Domingo por outra.
 
3- Além de treinador, és também fisioterapeuta. Qual a importância de ter um fisioterapeuta ao serviço da equipa?
Penso que é de extrema utilidade para a equipa. Primeiro pelo trabalho que pode ser feito na detecção de lesões e ajudar na sua reabilitação. Depois pela ajuda que pode dar ao treinador através de treino (prevenção de lesões) ou corrigir aspectos de treino que possam estar inerentes/implicadas em lesões recentes de jogadoras. E por fim, pela educação de saúde desportiva que pode transmitir. E claro para não falar no acompanhamento dos jogos onde pode ser fundamental para ajudar um atleta a regressar ao jogo após “lesão” recente ou para iniciar o encaminhamento correcto da atleta. Para mim não faz sentido não ter fisioterapeuta presente numa equipa. O problema é os clubes não perceberem isso e/ou não terem dinheiro para “contratar” um.
 
4- É fácil conciliar as funções de treinador com as de fisioterapeuta?
Normalmente sim, embora haja sempre algumas situações onde uma das funções pode ficar um pouco em défice de atenção. Mas no fundo as duas funções a nível amador são um pouco sobreponíveis.
5- Ambicionas no futuro ser treinador principal de uma equipa, ou isso não faz parte dos teus planos?
Nunca foi um sonho ou ambição. Não por pensar que tenho falta de conhecimento ou algo similar, mas apenas nunca me passou pela cabeça. Mas claro se aparecer um projecto onde eu me identifique e essa função me seja endereçada, e se a minha vida pessoal me permitir, de certeza que consideraria pensar no assunto. No entanto eu gosto muito de ser o número dois, de trabalhar em equipa. Algo que acontece actualmente, e quando é com uma pessoa que te dás bem, ainda melhor.
 
6- Quais são para ti os maiores problemas existentes no futsal feminino no Algarve?
Brincando mas falando sério é por haver poucos Sr. Henrique no futsal algarvio. Começando na Associação que a cada ano que passa mais degradante torna a situação a nível de competição. Ou é com o elevado custo das inscrições ou é pela falta de árbitros nos jogos (situação provocada pela Associação), ou mesmo por nada fazer para promover de verdade o futsal. Em vez disso organizam jogos de derivados de futebol feminino, onde nem sequer há equipas no Algarve, para tentar aliciar jogadoras e clubes a fazerem. Tudo em nome de mais receitas. Vergonhoso para dizer a verdade. Passando para o lado dos participantes, considero que haja falta de pessoas/dirigentes responsáveis por projectos longos e coerentes. Digo isto porque ao longo do tempo lembro-me de inúmeras equipas que apenas duraram 1 ou 2 anos. Para se construir uma casa precisamos de começar por baixo e o mesmo acontece num clube, 1º o dirigente, depois o treinador, e só depois as jogadoras. Quando dizem que é dificil arranjar jogadoras e tal, eu penso, treta. Antigamente era muito mais dificil e o campeonato algarvio era constituído por 2 grupos: sotavento e barlavento. Temos que formar jogadoras, porque raparigas para jogar há.


7- Com a maior exposição que o futsal feminino tem, com a criação do campeonato nacional, pensas que o futuro será risonho para a modalidade?
Para a modalidade sim, para a modalidade no Algarve nem por isso ou por forma indirecta. Para a modalidade porque ao juntar as melhores equipas do país podemos ver melhores jogos, mais competição e as próprias equipas podem evoluir muito mais. Para o Algarve, estando o único clube algarvio em vias de descer e sendo muito dificil algum clube voltar a subir (pois o sistema é diferente do que foi aquando a subida da 1ª equipa), não vejo que se altere grande coisa. Agora quando disse de forma indirecta é devido à possivel mediatização do futsal feminino, mas que até agora não tem sido muita.
 
8- Como avalias a performance da equipa senior até agora neste campeonato?
Positiva, embora o nosso objectivo fosse o 1º lugar na fase regular, acabámos em 2º e em boa posição para disputarmos os play-off’s e aí então, podemos procurar o lugar que não conseguimos na fase regular.
 
9- Vão agora começar os decisivos play-offs, que expectativas tens para a equipa?
Ganhar. Temos toda a capacidade necessária para ganhar os playoffs, mas claro sabendo que este tipo de jogos são sempre um mata-mata, a equipa tem que estar desperta e concentrada em todos os jogos.
 
10- Que mensagem gostarias de deixar à equipa?
Temos capacidade, queremos, sabemos. Só nos resta mostrar isso aos outros.

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